1. Conte-nos
sobre sua experiência em relação à sua escrita.
Minha mãe era
bibliotecária, então cresci em uma família que adorava livros e histórias. Eu
me formei em psicologia na faculdade porque sempre fui fascinada pelo
comportamento e pelas motivações humanas. Nunca pensei em ser escritora até
anos depois, quando fiquei desanimada ao ler tantos livros que não ofereciam
esperança. Um dia, sentei-me enquanto meus filhos dormiam e decidi tentar
escrever o tipo de livro que gostaria de ler. Rapidamente descobri como era
divertido criar histórias, e senti Deus me chamando para escrever livros a
partir de uma cosmovisão cristã.
2. Que autores
inspiraram você?
Um dos autores
mais importantes para mim, no início da minha vida de escritora, foi o autor
judeu Chaim Potok. Seu romance "The Chosen" leva os leitores ao mundo dos
judeus ortodoxos, onde a oração, as Escrituras e a confiança em Deus são características
importantes da vida cotidiana na história. Ele me inspirou a tentar escrever
romances de uma cosmovisão cristã onde Deus é um dos personagens mais
importantes, mesmo que Ele esteja nos bastidores.
3. Como você vê o
crescimento da ficção cristã em quantidade e qualidade? Como isso impactou os
leitores?
Quando comecei a
escrever, a ficção cristã estava limitada a poucos autores e gêneros, como
Jeanette Oke com seus romances das pradarias. Acho que ela abriu o caminho,
mostrando aos leitores que os livros de uma cosmovisão cristã podem ser
inspiradores e agradáveis. Nos anos seguintes, a ficção cristã explodiu com
grandes romances em uma variedade de categorias, como mistérios, históricos,
suspense e ficção geral. Os leitores agora têm acesso a uma variedade de livros
bons, claros e bem escritos que divertem e inspiram. Estou muito feliz por Deus
ter me permitido fazer parte dessa maravilhosa "explosão".
4. De que
maneiras os autores devem cooperar mais para promover a ficção cristã?
Já vejo muita cooperação
entre os autores cristãos. Eu pertenço a várias comunidades de escritores,
representando autores de vários gêneros, e estamos sempre procurando maneiras
de promover a ficção cristã juntos. Temos parceria em eventos como sessões de
autógrafos, fóruns de leitores, entrevistas on-line e conferências. Posso dizer
honestamente que nunca vi ciúme ou competição entre meus colegas autores. Todos
parecem felizes em apoiar e celebrar uns aos outros em um verdadeiro espírito
cristão.
5. Como você tece
Deus em seus romances cheios de esperança?
Tecer Deus em
minhas histórias não é algo que eu tenha que fazer conscientemente. Cada autor
escreve da perspectiva de sua própria visão de mundo, e minha visão de mundo é
cristã. A maneira como entendo os eventos e situações ao meu redor é através
das lentes das Escrituras, do grande amor de Deus e da obra de Cristo na cruz.
Naturalmente, os personagens de meus romances acabarão interpretando suas vidas
e circunstâncias da mesma maneira. A cosmovisão cristã é sempre de esperança -
sabendo que Deus está no controle, que Ele está trabalhando em tudo para o
nosso bem.
6. "Lugares
Escondidos" é um dos romances preferidos dos leitores brasileiros de ficção
cristã. Tia Batty é uma personagem inesquecível. Ela tem camadas de sabedoria e
bondade; sua história é de partir o coração, mas edificante. Como você criou um
personagem tão real e adorável?
Eu também amo a
tia Batty. Ela sempre foi uma das minhas personagens favoritas. Nunca conheci
ninguém exatamente como ela, mas fui abençoada por conhecer mulheres que me
ofereceram encorajamento e sabedoria da mesma forma que ela ofereceu a Eliza.
Todos os meus mentores passaram por dificuldades e perdas, mas aprenderam sobre
a fidelidade de Deus por meio de suas provações. Como tia Batty, esse profundo
sentimento do amor de Deus tornou-se a fonte de sua força.
7. Você está no
Hall da Fama do prestigioso Prêmio Christy com 8 de seus romances. O que vem à
sua mente tendo alcançado tal honra?
Cada vez que
recebo um Prêmio Christy, sento o Senhor sorrindo para mim. Eu coloco muito
trabalho, esforço e oração em cada livro que escrevo, então é como se eu
pudesse ouvi-lo dizer: "Muito bem, serva fiel". Sempre foi um momento sagrado
para mim.
8. O Brasil engatinha
em relação à ficção cristã. Algum conselho para a nova geração de escritores
cristãos no Brasil, inclusive eu?
Que lugar
maravilhoso para se estar! Nos primeiros anos da ficção cristã aqui nos Estados
Unidos, ninguém jamais poderia imaginar o que ela se tornaria hoje. Ninguém
exceto Deus! Quando comecei a escrever, não olhei em volta para o que todo
mundo estava fazendo, mas simplesmente escrevi as histórias que Deus me deu da
melhor maneira possível. Aprender e aprimorar a arte da escrita sempre foi
muito importante para mim. Li muitos livros sobre escrita e centenas de grandes
romances, dissecando-os para ver o que os tornava tão bons. A disciplina de
escrever regularmente é muito importante. E tenho certeza de que você pode
confiar no Deus que a chamou para escrever.