Lynn Austin e o Chamado de Deus para Escrever

06/01/2023

1. Conte-nos sobre sua experiência em relação à sua escrita.

Minha mãe era bibliotecária, então cresci em uma família que adorava livros e histórias. Eu me formei em psicologia na faculdade porque sempre fui fascinada pelo comportamento e pelas motivações humanas. Nunca pensei em ser escritora até anos depois, quando fiquei desanimada ao ler tantos livros que não ofereciam esperança. Um dia, sentei-me enquanto meus filhos dormiam e decidi tentar escrever o tipo de livro que gostaria de ler. Rapidamente descobri como era divertido criar histórias, e senti Deus me chamando para escrever livros a partir de uma cosmovisão cristã.

2. Que autores inspiraram você?

Um dos autores mais importantes para mim, no início da minha vida de escritora, foi o autor judeu Chaim Potok. Seu romance "The Chosen" leva os leitores ao mundo dos judeus ortodoxos, onde a oração, as Escrituras e a confiança em Deus são características importantes da vida cotidiana na história. Ele me inspirou a tentar escrever romances de uma cosmovisão cristã onde Deus é um dos personagens mais importantes, mesmo que Ele esteja nos bastidores.

3. Como você vê o crescimento da ficção cristã em quantidade e qualidade? Como isso impactou os leitores?

Quando comecei a escrever, a ficção cristã estava limitada a poucos autores e gêneros, como Jeanette Oke com seus romances das pradarias. Acho que ela abriu o caminho, mostrando aos leitores que os livros de uma cosmovisão cristã podem ser inspiradores e agradáveis. Nos anos seguintes, a ficção cristã explodiu com grandes romances em uma variedade de categorias, como mistérios, históricos, suspense e ficção geral. Os leitores agora têm acesso a uma variedade de livros bons, claros e bem escritos que divertem e inspiram. Estou muito feliz por Deus ter me permitido fazer parte dessa maravilhosa "explosão".

4. De que maneiras os autores devem cooperar mais para promover a ficção cristã?

Já vejo muita cooperação entre os autores cristãos. Eu pertenço a várias comunidades de escritores, representando autores de vários gêneros, e estamos sempre procurando maneiras de promover a ficção cristã juntos. Temos parceria em eventos como sessões de autógrafos, fóruns de leitores, entrevistas on-line e conferências. Posso dizer honestamente que nunca vi ciúme ou competição entre meus colegas autores. Todos parecem felizes em apoiar e celebrar uns aos outros em um verdadeiro espírito cristão.

5. Como você tece Deus em seus romances cheios de esperança?

Tecer Deus em minhas histórias não é algo que eu tenha que fazer conscientemente. Cada autor escreve da perspectiva de sua própria visão de mundo, e minha visão de mundo é cristã. A maneira como entendo os eventos e situações ao meu redor é através das lentes das Escrituras, do grande amor de Deus e da obra de Cristo na cruz. Naturalmente, os personagens de meus romances acabarão interpretando suas vidas e circunstâncias da mesma maneira. A cosmovisão cristã é sempre de esperança - sabendo que Deus está no controle, que Ele está trabalhando em tudo para o nosso bem.

6. "Lugares Escondidos" é um dos romances preferidos dos leitores brasileiros de ficção cristã. Tia Batty é uma personagem inesquecível. Ela tem camadas de sabedoria e bondade; sua história é de partir o coração, mas edificante. Como você criou um personagem tão real e adorável?

Eu também amo a tia Batty. Ela sempre foi uma das minhas personagens favoritas. Nunca conheci ninguém exatamente como ela, mas fui abençoada por conhecer mulheres que me ofereceram encorajamento e sabedoria da mesma forma que ela ofereceu a Eliza. Todos os meus mentores passaram por dificuldades e perdas, mas aprenderam sobre a fidelidade de Deus por meio de suas provações. Como tia Batty, esse profundo sentimento do amor de Deus tornou-se a fonte de sua força.

7. Você está no Hall da Fama do prestigioso Prêmio Christy com 8 de seus romances. O que vem à sua mente tendo alcançado tal honra?

Cada vez que recebo um Prêmio Christy, sento o Senhor sorrindo para mim. Eu coloco muito trabalho, esforço e oração em cada livro que escrevo, então é como se eu pudesse ouvi-lo dizer: "Muito bem, serva fiel". Sempre foi um momento sagrado para mim.

8. O Brasil engatinha em relação à ficção cristã. Algum conselho para a nova geração de escritores cristãos no Brasil, inclusive eu?

Que lugar maravilhoso para se estar! Nos primeiros anos da ficção cristã aqui nos Estados Unidos, ninguém jamais poderia imaginar o que ela se tornaria hoje. Ninguém exceto Deus! Quando comecei a escrever, não olhei em volta para o que todo mundo estava fazendo, mas simplesmente escrevi as histórias que Deus me deu da melhor maneira possível. Aprender e aprimorar a arte da escrita sempre foi muito importante para mim. Li muitos livros sobre escrita e centenas de grandes romances, dissecando-os para ver o que os tornava tão bons. A disciplina de escrever regularmente é muito importante. E tenho certeza de que você pode confiar no Deus que a chamou para escrever.